Dr. Paulo Pittelli - Cirurgião do Aparelho Digestivo

Doenças e Tratamentos

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Doença Diverticular (diverticulite)

Antes de mais nada é necessário definir alguns conceitos para entendermos o que significa doença diverticular, diverticulose e diverticulite:

Divertículos são pequenas saculações ou bolsas que podem acometer vários pontos do tubo digestivo. São pequenas herniações da camada interna do intestino (mucosa e submucosa) através de sua parede, por alguns pontos de fragilidade, geralmente onde entram os vasos sanguíneos. Os divertículos podem variar em número e na sua localização e se apresentam preferencialmente no cólon sigmóide.

Diverticulite é o termo usado quando acontece a inflamação ou perfuração dos divertículos e diverticulose significa a presença de divertículos no intestino grosso. Falamos em doença diverticular quando nos referimos aos pacientes que apresentam sintomas causados pela presença dos divertículos ou pelas complicações que acontecem por causa dos divertículos (perfurações e o sangramentos).

A diverticulose é uma patologia muito comum. Acredita-se que nos países ocidentais até 50% dos indivíduos com mais de 60 anos sejam portadores desta condição. A incidência aumenta progressivamente com a idade, mas indivíduos jovens também podem ser acometidos. Não há diferença na incidência entre os sexos e de 20 a 30% destes pacientes apresentarão a doença diverticular.

 

O que causa os divertículos?

Acredita-se que a principal causa seja a alta pressão intra colônica que forçaria a herniação da mucosa, formando os divertículos. A constipação intestinal, o baixo nível de fibras na dieta ocidental, a predisposição genética e a obesidade são outros fatores associados à doença, porém, a sua etiologia e fisiopatologia não estão totalmente esclarecidas.

 

Quais os sintomas dos pacientes?

A maioria dos pacientes não tem qualquer sintoma e não apresentarão problemas durante toda a sua vida. Alguns se queixam de sintomas leves como dor abdominal em cólica, que melhora com a eliminação de gases e fezes. Pode haver alteração do hábito intestinal, com pacientes apresentando piora na constipação e outros apresentando diarreia. Sensação de estufamento e de prisão de ventre é muito comum.

Em alguns casos o paciente pode apresentar a diverticulite, que como foi comentado acima, é a inflamação de um ou mais divertículos. O quadro pode ser leve, com dor de variável intensidade, de localização preferencialmente à esquerda e febre baixa ou inexistente, ou mais grave, onde os sintomas são mais exuberantes, podendo haver peritonite (infecção da cavidade abdominal), sepse (infecção com inflamação sistêmica) e eventualmente até a morte do paciente.

Há casos onde a doença diverticular se manifesta com sangramento intestinal, que é usualmente de cor vermelho vivo, de moderada a grande intensidade e que não vem acompanhado das fezes. Dependendo da intensidade do sangramento, o paciente pode apresentar desde desidratação e anemia leves, até desmaios e choque hipovolêmico.

 

Como se faz o diagnóstico?

O diagnóstico da diverticulose se dá, inicialmente com um exame físico e história clínica bem feitos e posteriormente é confirmado com colonoscopia ou enema opaco.
Colonoscopia é um exame onde se introduz um tubo flexível com uma luz e uma câmera na ponta, pelo ânus do paciente, que está sob efeito de sedação. O aparelho percorre todo o intestino grosso e pode atingir o final do intestino delgado. Leia mais sobre colonoscopia AQUI.

Já o enema opaco é feito com introdução de contraste e ar pelo reto e registrado com várias “chapas” de raios-X.

O enema opaco é melhor quando se quer definir espacialmente como estão distribuídos os divertículos nos diversos segmentos do cólon e a colonoscopia tem a vantagem de avaliar a mucosa do intestino com melhor precisão, afastando outras alterações como inflamações, pólipos e tumores.

Atenção – nos pacientes com suspeita de diverticulite aguda, estes exames não devem ser realizados antes de 60 dias da resolução do quadro, pois apresentam riscos de disseminação da infecção e de perfuração intestinal.

Na vigência da diverticulite aguda, os melhores exames são a ultra-sonografia de abdome e a tomografia computadorizada (considerado o melhor exame para esta situação).

Quando o paciente está apresentando sangramento, a colonoscopia deve ser realizada assim que possível, para se tentar definir o local exato do sangramento.

Exames de sangue (hemograma e bioquímica), de urina e raios-X de abdome são úteis para ajudar no diagnóstico diferencial e na determinação da gravidade do caso, mas não são específicos.

 

Como é feito o tratamento?

No caso de doença diverticular sem complicações, não há tratamento definitivo e todas as medidas tomadas são apenas para alívio dos sintomas e não para que os divertículos desapareçam. A dieta deve ser rica em fibras (no final do texto há uma relação de alimentos com seus respectivos teores de fibras) e o paciente deve ingerir muito líquido. Pode se indicar o uso de anti-espasmódicos e mais raramente drogas antagonistas dos receptores de serotonina.

No caso de diverticulite leve, hidratação, correção dos distúrbios eletrolíticos, dieta sem resíduos e antibióticos por via oral resolvem a maioria dos casos, ficando o paciente internado por um ou dois dias apenas.

Nos casos mais graves, jejum, hidratação, correção de distúrbios eletrolíticos, antibióticos de amplo espectro por via endovenosa, internação hospitalar por vários dias e, eventualmente cirurgias, podem ser necessários.

A cirurgia pode ser necessária se houver:

  • falência do tratamento clínico;
  • episódios recorrentes de diverticulite, principalmente em jovens;
  • peritonite;
  • no caso de formação de fístulas (geralmente do sigmóide com a bexiga ou com a vagina);
  • obstrução intestinal;
  • presença de abscessos na cavidade abdominal ou na pelve que não podem ser aspirados com agulha guiada por ultrassonografia ou tomografia;
  • diverticulite em pacientes diabéticos e em portadores de algum tipo de imunodepressão;
  • sangramento intestinal recorrente originado dos divertículos, principalmente se o paciente sofreu transfusões sanguíneas, apresentou instabilidade hemodinâmica (choque), tem comorbidades (insuficiência renal, insuficiência coronariana, asma e bronquite) e tipo sanguíneo raro;
  • sangramento intestinal profuso que persiste por mais de 48 horas, necessidade de transfusão de mais de cinco bolsas de sangue, instabilidade hemodinâmica, tipo sanguíneo raro e paciente com comorbidades.

Quando a cirurgia é realizada em caráter de urgência, sem o devido preparo intestinal, normalmente se faz a ressecção do segmento de intestino acometido e uma colostomia, que é a comunicação do intestino com a parede abdominal, por onde sairão as fezes. Posteriormente, quando o paciente se recupera totalmente do quadro infeccioso, se faz a reconstrução do trânsito intestinal, a colostomia é então desfeita e os segmentos do intestino são novamente anastomosados (ligados).

Às vezes, apenas fazemos uma laparoscopia para a aspiração de abscessos e drenagem da cavidade, evitando uma cirurgia com ressecções intestinais, mas nem sempre isso é possível. A drenagem de abscessos guiada por ultrassonografia e por tomografia, também é uma alternativa, mas se reserva a casos especiais.

Quando a cirurgia é feita de forma eletiva (sem urgência) e com preparo intestinal adequado, pode se realizar a anastomose dos segmentos intestinais sem a necessidade de colostomia. Nessas condições a cirurgia pode ser realizada por videolaparoscopia, sem a necessidade de grandes incisões no abdome e com um menor tempo de internação e de recuperação.

 

Lista com alguns alimentos e seu respectivo teor de fibras em gramas:

 

Abacate¼ de uma unidade média6
Abacaxi 1 fatia média1
Abóbora 1 xícara (chá) 2
Abobrinha 1 unidade pequena 5
Acelga 1 folha grande 2
Agrião1 xícara (chá)2
Alho-poró 1 xícara (chá)3
Alcachofra 1 unidade pequena 4
Alface 2 folhas médias1
Ameixa fresca 1 unidade média 2
Ameixa seca 2 unidades sem caroço 2
Amêndoa½ xícara (chá) 8
Amendoim ½ xícara (chá)4
Arroz polido cozido½ xícara (chá)2
Arroz integral cozido ½ xícara (chá) 2
Aveia em flocos 1 xícara (chá) 3
Banana 1 unidade média 3
Batata 1 unidade média 4
Batata-doce 1 unidade média4
Berinjela½ unidade média5
Beterraba 1 unidade média5
Brócolis 1 xícara (chá)/picado 3
Caju1 unidade média 4
Caqui ½ unidade média2
Carambola 1 unidade média1
Castanha-de-cajú 10 unidades grandes1
Castanha-do-pará 5 unidades médias 3
Cebola 1 unidade pequena3
Cenoura 1 unidade média 5
Chuchu 1 unidade pequena 8
Coco (pedaço) ¼ unidade média 8
Coco ralado ½ xícara (chá) 2
Couve 2 folha pequenas 2
Couve-de-bruxelas 6 unidades médias3
Couve flor¼ unidade pequena 7
Damasco fresco 1 unidade média 3
Ervilha em conserva½ xícara (chá) 3
Ervilha torta 5 unidades médias5
Espinafre cozido1 xícara (chá)8
Farelo de trigo2 colheres (sopa) 5
Farinha de aveia 3 colheres (sopa) 3
Farinha de centeio 2 colheres (sopa) 3
Farinha de trigo 2 colheres (sopa) 3
Feijão cru ½ xícara (chá) 12
Figo fresco 1 unidade média 2
Figo seco 1 unidade grande 3
Goiaba 1 unidade média6
Grão-de-bico ½ xícara (chá) 16
Inhame 1 pedaço médio6
Laranja 1 unidade média 3
Lentilha cozida 1 xícara (chá) 8
Lima1 unidade média3
Kiwi1 unidade média 2
Macarrão cozido 1 xícara (chá) 2
Maçã com casca 1 unidade média 5
Mamão papaia ½ unidade média 2
Manga½ unidade grande 3
Mandioca/macaxeira 1 pedaço médio 2
Mandioquinha 1 unidade grande 7
Maracujá (polpa)½ xícara (chá) 6
Milho verde na espiga1 espiga média 1
Molho de tomate½ xícara (chá)2
Morango4 unidades 2
Nectarina 1 unidade média2
Noz 5 unidades 3
Palmito em conserva 1 xícara (chá) 3
Pão de aveia 2 fatias3
Pão de batata 1 unidade pequena2
Pão de centeio 2 fatias 3
Pão francês 1 unidade1
Pepino japonês1 unidade média 5
Pêra 1 unidade pequena 4
Pêssego 1 unidade média2
Pimentão 1 unidade média 5
Pinha/ata 1 unidade média 3
Pipoca (espocada) 1 xícara (chá) 3
Quiabo 1 xícara (chá) 3
Rabanete 2 unidades médias 1
Repolho picado1 xícara (chá) 2
Romã 1 unidade média 1
Rúcula¼ maço pequeno2
Salsão 2 talos médios com as folhas 7
Semente de abóbora½ xícara (chá)5
Semente de girassol½ xícara (chá) 4
Soja cozida ½ xícara (chá) 3
Suco de laranja1 copo 2
Suco de tomate 1 copo 2
Tâmara2 unidades 2
Tangerina/mexerica 1 unidade média 3
Tomate 1 unidade média3
Trigo (grão inteiro) ½ xícara (chá)6
Uva 10 unidades médias1
Uva-passa 1,2 xícara (chá)3
Vagem 1 xícara (chá)2

 

Lembre-se: o ideal é que você consuma de 25 a 30 g de fibras diariamente.