Dr. Paulo Pittelli - Cirurgião do Aparelho Digestivo

Doenças e Tratamentos

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Fissura Anal

 

O que é? Porque acontece a fissura anal?

Fissura anal é uma ferida que acontece no ânus, sua localização geralmente é posterior e tem formato linear.

A fissura anal pode ser aguda, quando é recente e tem duração de menos de oito semanas ou crônica, quando já tem mais tempo do que isso. A fissura anal aguda geralmente cicatriza e em menos de 10% elas se tornam crônicas. Acredita-se que as fissuras anais aconteçam por trauma direto sobre o ânus nas evacuações, onde as fezes estão mais duras, na diarréia, por que as fezes são extremamente irritantes, na prática de sexo anal e em doenças inflamatórias intestinais.

 

Quais são os sintomas?

Os sintomas mais freqüentes são a dor que geralmente é de forte intensidade, acontece durante e logo após as evacuações e pode durar de alguns minutos até algumas horas. O sangramento é o outro sintoma mais freqüente, na maioria das vezes é de pequena intensidade e se resume a pequena quantidade de sangue que o paciente observa no papel higiênico quando faz sua higiene.

Outra queixa muito comum é a sensação de ardor anal que alguns pacientes descrevem como se estivesse “latejando”. Também é comum o prurido anal que é a coceira na região anal e perianal.

 

Posso estar com câncer ou alguma doença grave?

Sim. Os cânceres do ânus e do canal anal podem se apresentar como uma úlcera semelhante à fissura anal. A doença de Crohn também pode ter apresentação semelhante quando tem acometimento anal. Deve-se ter atenção a qualquer caso de sangramento e dor na região anal, em especial à úlceras que não cicatrizam e, que não tenham localização posterior no ânus. Quando houver qualquer dúvida sobre a etiologia de lesões na região anal e perianal uma biópsia deve ser feita para se esclarecer o diagnóstico.

 

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito pela inspeção anal por um especialista. O toque retal revela hipertonia do esfíncter anal e a anuscopia pode ser feita para o diagnóstico diferencial com outras patologias. Na maioria das vezes a dor impede que o toque retal e a anuscopia sejam realizados e o médico estabelece o diagnóstico apenas com a história clínica e a presença da fissura. A colonoscopia pode ser necessária quando se suspeita de doença inflamatória intestinal.

 

Tratamento

A fissura anal aguda cicatriza em mais de 90% das vezes apenas com o tratamento clínico. As principais medidas são a ingestão adequada de fibras na dieta (verduras, legumes, frutas e cereais) e de água. Quando o paciente tem o hábito intestinal muito lento pode-se estimular o consumo de fibras sintéticas e amaciantes do bolo fecal.

Substâncias anagésicas e anti-inflamatórias podem ser usadas por via oral ou tópicas na forma de pomadas ou cremes. Pode-se usar ainda pomadas e cremes preparados com agentes relaxantes do músculo liso como nitroglicerina, diltiazem e dinitrato de isossorbida. O principal efeito colateral destas drogas é a cefaléia que, às vezes, impossibilita o uso pelo paciente.

A cirurgia tem indicação nas fissuras que não cicatrizam com o tratamento clínico e na maioria das fissuras anais crônicas. É um procedimento simples e rápido, geralmente não leva mais de 30 minutos e o paciente experimenta alívio dos sintomas logo nos primeiros dias de pós-operatório. Menos de 10% dos casos não se resolvem com a cirurgia que é a esfincterotomia lateral interna, onde se secciona uma parte das fibras da musculatura do esfíncter anal interno do ânus, diminuindo a pressão anal de repouso (diminuindo a hipertonia anal). A anestesia é feita com bloqueio peridural ou raqui e o paciente geralmente fica apenas algumas horas no hospital.