Dr. Paulo Pittelli - Cirurgião do Aparelho Digestivo

Doenças e Tratamentos

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Fístulas e Abscessos Anais

O que é?

Abscesso anal é uma coleção de pus que se forma sob a pele da região perianal. Já a fístula anal é a situação onde há um pequeno orifício nesta região por onde sai uma secreção mal cheirosa que fica sujando as roupas íntimas. A fístula anal é geralmente a conseqüência da drenagem do abscesso anal. Quando o abscesso é drenado espontaneamente ou cirurgicamente, há a melhora do quadro doloroso e infeccioso e há a formação de um trajeto (fístula) que internamente se abre no reto e externamente na pele da região perianal no local onde houve a drenagem do abscesso.

Qual a causa dos abscessos e das fístulas anais?

O abscesso geralmente está associado à obstrução das glândulas que ficam ao redor do ânus e na linha pectínea e à proliferação bacteriana dentro dessas glândulas obstruídas. As glândulas dessa região produzem e secretam uma espécie de secreção que serve para lubrificação do canal anal e do ânus. Quando essas glândulas ficam obstruídas por algum motivo, começa haver o acúmulo da secreção glandular e o processo infeccioso se instala, com a formação do abscesso.

Outras causas de fístula anal são a doença de Crohn e mais raramente neoplasias do reto e ânus e traumas obstétricos. As fístulas podem se abrir para a vagina e a bexiga em situações especiais.

Os abscessos e as fístulas são mais comuns em pacientes diabéticos e em portadores de imunodepressão e são ligeiramente mais comuns no homem do que na mulher.

 

Quais são os sintomas?

O abscesso anal geralmente se apresenta como dor na região anal ou perianal, em repouso ou durante as evacuações, que pode ter forte intensidade. Febre, calafrios e mal estar geral podem estar presentes. O quadro pode ser grave se acometer indivíduos diabéticos, obesos e imunodeprimidos, especialmente se o tratamento demorar a acontecer.

Já no caso das fístulas, geralmente o paciente tem história de abscesso prévio e a principal queixa é a saída de secreção amarelada e mal cheirosa em pequena quantidade por um orifício na pele próxima ao ânus. O paciente muitas vezes convive com isso por muito tempo, apresentado sempre pequenas  manchas causadas por essa secreção nas roupas íntimas. Pode haver diminuição e até desaparecimento da secreção por algum tempo, mas dificilmente há a cura espontânea sem o tratamento cirúrgico.

 

Como se faz o diagnóstico?

O diagnóstico é feito através do exame físico simples e em apenas alguns casos o toque retal e a anuscopia (passagem de um aparelho pelo ânus) se fazem necessários. Muito raramente o paciente tem que ser submetido à sedação ou à anestesia para que o diagnóstico seja feito e isso acontece em casos onde a dor é muito intensa e acaba não permitindo o diagnóstico adequado.

 

Tratamento

O tratamento do abscesso anal que já drenou espontaneamente pode ser feito apenas com antibióticos e cuidados locais. Geralmente quando o paciente procura o atendimento é necessário a realização da drenagem, que pode ser feita com anestesia local ou com bloqueio (raqui ou peridural) em ambiente hospitalar ou ambulatorial. O uso de antibióticos é sempre indicado, especialmente nos pacientes diabéticos, obesos e imunodeprimidos.
No caso da fístula perianal o tratamento é essencialmente cirúrgico, também é feito com anestesia local ou do tipo bloqueio e consiste em se realizar uma incisão que una o orifício externo ao orifício interno da fístula. Na maioria dos casos o tratamento cirúrgico é simples e a ferida é deixada aberta (sem pontos para não haver infecção). Nos casos das fístulas complexas, onde há mais de um orifício externo e o trajeto fistuloso compromete a musculatura do esfíncter anal, o tratamento é mais difícil e pode ser realizado em dois tempos. São situações onde existe o risco de ocorrer disfunção esfincteriana (incontinência anal) e nesses casos pode ser tentado o uso de colas biológicas para obliterar o trajeto fistuloso e permitir a cicatrização da fístula.

 

Fístulas da doença de Crohn e de neoplasias têm o tratamento diferente e não foram abordadas nesta sessão.