Dr. Paulo Pittelli - Cirurgião do Aparelho Digestivo

Doenças e Tratamentos

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Pólipos do Intestino Grosso

O que são os pólipos?

Pólipos são pequenas protuberâncias que se formam dentro do intestino grosso e do reto, são proliferações anormais da mucosa, que é a camada de revestimento destes órgãos. São chamados de pólipos colônicos ou pólipos retais e são muito comuns. Estima-se que mais de 30% dos paciente acima de 50 anos apresentam algum tipo de pólipo. Existem pólipos em várias localizações do corpo, como por exemplo no estômago, na vesícula biliar, no útero, na cavidade nasal e nos intestinos. Aqui trataremos apenas dos pólipos do intestino, que podem se apresentar isoladamente, o que é o mais comum ou mais raramente em grande número, no caso da polipose familiar, por exemplo.

Quais são os sintomas de um paciente que tem pólipos no intestino?

Normalmente os paciente não sentem nada e não percebem qualquer alteração nas suas vidas quando tem um ou alguns pólipos pequenos no seu intestino. Os sintomas aparecem quando os pólipos são maiores, podendo acontecer sangramento anal, obstrução intestinal, mucorréia (que é a evacuação de muco nas fezes), exteriorização do pólipo durante a evacuação (nos casos de pólipos de reto pediculados longos), mudança na cor das fezes e no hábito intestinal (alteração na consistência das fezes e na frequência das evacuações) e anemia.

 

É verdade que um pólipo pode se tornar um câncer?

Há alguns tipos de pólipos e os mais comuns são os pólipos hiperplásicos, que geralmente são pequenos, mais comuns no reto e não tem nenhum potencial maligno, os pólipos inflamatórios, que acontecem nas doenças inflamatórias intestinais, como na retocolite e na doença de crohn, situações que sabidamente aumentam o risco de câncer colorretal e os pólipos adenomatosos, que são os mais comuns e mais importantes por causa do seu potencial em se transformar em adenocarcinoma (câncer).

Portanto, é sim verdade que um pólipo pode se tornar câncer, mas devemos observar algumas coisas muito importantes: apenas uma minoria dos pólipos adenomatosos se tornará um câncer e pode levar de 8 a 15 anos para isso acontecer. Pólipos pequenos de até um centímetro têm pequeno potencial de malignização, mas os pólipos maiores e quando se apresentam em maior número, por exemplo, acima de três ou quatro, já têm maior chance de se malignizar.

Os pólipos adenomatosos são divididos em tubulares, túbulo-vilosos e vilosos, sendo que estes últimos são mais propensos a degenerações.

A biópsia mostrará se há ou não displasia e os pólipos com displasia de alto grau são considerados como lesões pré-malignas.

Fatores de risco para o câncer colorretal são a idade acima de 50 anos; história familiar de câncer de cólon e reto; história pessoal pregressa de câncer de ovário, endométrio ou mama; dieta com alto conteúdo de gordura e carne vermelha e baixo teor de cálcio e fibras, além de obesidade e sedentarismo. Também são fatores de risco as doenças inflamatórias do cólon como Retocolite Ulcerativa Crônica e Doença de Crohn e algumas condições hereditárias como a Polipose Adenomatosa Familiar (FAP) e o Câncer Colorretal Hereditário sem Polipose (HNPCC).

 

Como se faz o diagnóstico?

O diagnóstico de pólipos colorretais se faz através da colonoscopia, que é uma endoscopia realizada pelo ânus do paciente e é um exame capaz de avaliar o interior de todo o intestino grosso, o reto e o finalzinho do intestino delgado. Na colonoscopia podemos retirar a maioria dos pólipos e enviá-los para estudo anatomopatológico (que é a avaliação histológica do pólipo no laboratório) para saber se são benignos ou malignos.

Não há política pública de rastreamento do câncer colorretal no Brasil, diferentemente do que acontece com o câncer de mama e o câncer do colo no útero, por exemplo, mas os pacientes que dispõem de recursos, como os que têm planos de saúde, devem sim fazer pelo menos uma colonoscopia a partir dos 60 anos de idade e a cada 5 anos depois disso. Pacientes a partir de 50 anos podem realizar a pesquisa de sangue oculto nas fezes anualmente e se o resultado for positivo haverá a necessidade da realização da colonoscopia.

As sociedades de oncologia sempre advertem que o rastreamento do câncer colorretal, que é o terceiro mais comum no nosso meio, é muito negligenciado e atualmente temos percebido nos países desenvolvidos um aumento na incidência deste tipo de câncer em indivíduos cada vez mais jovens. Ainda há muito preconceito com a colonoscopia em nosso meio, mas este é um método seguro com índice de complicações muito baixo quando realizado em centros adequados. Sangramento intestinal e perfuração do intestino são as complicações que podem acontecer na colonoscopia, mas são muito raras.

 

Como é o acompanhamento médico depois de retirar um pólipo no intestino?

Isso vai depender da idade do paciente, do número de pólipos e do seu tamanho e evidentemente, do resultado anatomopatológico.

Em geral realizamos colonoscopias a cada 5 anos nos paciente que não tem pólipos no último exame; A cada 3-4 anos se havia pólipos no último exame, se forem poucos pólipos sem displasia de alto grau e em menos tempo, ou seja 1-2 anos, em situações especiais, mas é claro que a decisão é individualizada para cada paciente.

Cirurgias estão reservadas aos casos onde os pólipos são grandes e, portanto, com alto potencial maligno, nos casos onde não foi possível a sua retirada na colonoscopia e nos casos onde a margem da ressecção pela colonoscopia não ficou adequada.