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Você esta lendo: Cálculo na Vesícula
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Colecistopatia calculosa é também conhecida por alguns outros nomes como pedras na vesícula, cálculos na vesícula, colelitíase e colecistite crônica calculosa. Para entendermos um pouco melhor esta patologia, vamos discorrer inicialmente sobre alguns conceitos:
A Vesícula biliar é um pequeno órgão que fica localizado junto ao fígado. Tem mais ou menos oito centímetros no seu maior comprimento e é muito semelhante a uma bexiga de festa de crianças antes de encher. Serve basicamente para armazenar e concentrar a bile que é produzida no fígado. O fígado produz a bile continuamente e nos intervalos entre as refeições ela vai sendo armazenada na vesícula biliar. Quando nos alimentamos a vesícula é estimulada e se contrai, eliminando a bile no duodeno, que é uma parte do intestino, para auxiliar a digestão.
A bile é composta basicamente de três substâncias que são o colesterol, os sais biliares e a lecitina. Normalmente é um líquido fluido e de coloração verde escuro. Quando há o aumento na quantidade normal de uma dessas substâncias, esta pode se tornar insolúvel e começar a se precipitar e formar grumos na bile, iniciando a formação dos cálculos biliares. Os cálculos mais comuns são os cálculos de colesterol e geralmente eles são formados dentro da vesícula biliar. Aos cálculos ou pedras que estão dentro da vesícula biliar damos o nome de colelitíase. Quando os cálculos se formam ou estão localizados no colédoco, que é o ducto que leva a bile do fígado para o duodeno, damos o nome de coledocolitíase. Quando o cálculo obstrui a via de saída de vesícula, podemos ter as cólicas biliares e a colecistite aguda, que é a inflamação da vesícula biliar. Se os cálculos saírem da vesícula e obstruirem o ducto biliar principal podemos ter o que chamamos de colangite, que é a inflamação e infecção das vias biliares. Já a pancreatite aguda pode acontecer quando o cálculo migra da vesícula, passa através dos ductos biliares e atinge a papila duodenal, onde também desemboca o ducto pancreático.
Geralmente são mulheres com idades acima de 40 anos, que estão acima do seu peso ideal, e que têm vários filhos. É claro que pessoas do sexo masculino e mais raramente as crianças também têm cálculos biliares. Pessoas que perdem peso muito rápido têm probabilidade maior de desenvolver os cálculos e parece haver alguns outros fatores predisponentes como hereditariedade, gravidez e a dieta alimentar.
A maioria das pessoas com pedras na vesícula é assintomática, ou seja, não sente nada e pode permanecer assim por muito tempo. Pode haver dor abdominal do tipo cólica, geralmente no epigástrio (“boca do estômago”) e um pouco mais para a direita logo abaixo das costelas. A dor é pior após a alimentação, mas pode acontecer só de sentirmos o cheiro de alguns alimentos (ex: frituras). Náuseas, vômitos e sensação de digestão ruim, também são comuns. A intensidade e a freqüência dos sintomas varia muito entre pessoas diferentes e num mesmo paciente durante o curso de sua doença. Febre e icterícia (amarelão da pele e dos olhos) sugerem complicações como colecistite aguda, que é a inflamação aguda da vesícula biliar e coledocolitíase, que já foi explicado anteriormente.
O melhor método para se fazer o diagnóstico da colelitíase é pela ultrassonografia do abdome, que é um exame barato, sem a necessidade do uso de contrastes e radiação.
Existem algumas substâncias como o ácido ursodesoxicólico, que tem o poder de dissolver os cálculos. A sua indicação atualmente é mínima, porque há a necessidade de uso prolongado (de seis meses a dois anos), tem custo alto e alta taxa de retorno da formação das pedras após cessar o seu uso.
A melhor forma de tratamento é a cirurgia videolaparoscópica, onde o paciente é submetido à anestesia geral, é introduzido uma micro câmera dentro do abdome por uma pequena abertura e o cirurgião retira a vesícula biliar com o auxílio de algumas pinças especiais, que também são introduzidas no abdome, por pequenas aberturas de meio a um centímetro. A cirurgia dura por volta de trinta minutos e é muito segura se for realizada por uma equipe médica capacitada e em hospitais com recursos e materiais adequados.
Se o paciente já tem sintomas é muito improvável que consiga ficar livre dos mesmos sem a cirurgia. O uso de antiespasmódicos e dieta pobre em gorduras pode ajudar.
Se o cálculo estiver dentro da vesícula biliar e ficar preso no infundíbulo ou no ducto cístico, que é a via de saída da bile, pode haver colecistite aguda que é a inflamação da vesícula biliar. Esta pode ser leve e resolver com antibióticos ou se tornar grave, com perfuração da vesícula e formação de fístulas (comunicações) da vesícula com o duodeno ou o intestino grosso. Se o cálculo migrar para o colédoco, teremos a chamada coledocolitíase. Quando isso acontece pode haver colangite (inflamação das vias biliares) e pancreatite (inflamação do pâncreas). Estas duas últimas condições (colangite e pancreatite) podem ser de fácil tratamento ou podem ser graves e até levar o paciente a óbito.
Se o paciente é assintomático há alguns autores que sugerem observação apenas. Eu sugiro que seja operado assim que possível, pois evitará os riscos de eventualmente apresentar qualquer um dos quadros descritos acima.
Sim, é perfeitamente possível viver sem a vesícula biliar, pois a bile, como já foi dito, é produzida no fígado. No início pode até haver alguma intolerância a alimentos mais gordurosos, mas com o passar do tempo não é necessário qualquer tipo de restrição alimentar. Em poucos casos (menos de 2%) o paciente fica com o hábito intestinal mais rápido (intestinos mais solto), o que pode causar algum desconforto, mas isso freqüentemente também melhora bastante com o tempo.
Se a cirurgia for realizada por videolaparoscopia e for feita de forma eletiva, ou seja, sem urgência, o paciente geralmente recebe alta no dia seguinte, ficando no hospital menos de 24 horas.
O retorno às atividades depende muito do tipo de atividade profissional que a pessoa exerce e da disposição pessoal. Assim, há alguns pacientes que não têm atividade física importante e que após 3 ou 4 dias já estão em seus escritórios, mas outros, como trabalhadores braçais, podem ficar até trinta dias afastados do seu trabalho.
Não há grandes limitações para atividades do dia-a-dia, como por exemplo, caminhar, subir escadas e dirigir, o que em geral pode ser feito desde os primeiros dias de pós-operatório.