Dr. Paulo Pittelli - Cirurgião do Aparelho Digestivo

Doenças e Tratamentos

Você esta lendo: Intolerância à Lactose

Intolerância à Lactose

O que é Lactose e o que significa intolerância à lactose?

Lactose é um dissacarídeo (açúcar) presente no leite e nos derivados de leite.

A Lactose é normalmente digerida no nosso intestino através de uma enzima chamada lactase e decomposta em glicose e galactose que serão absorvidos e usados pelo nosso organismo como forma de energia.

A intolerância à lactose acontece quando por alguma razão temos pouca ou nenhuma lactase para digerir a lactose. Isso faz com que a lactose chegue íntegra ao intestino grosso onde as bactérias que normalmente temos por lá, a chamada flora intestinal, provoquem fermentação, produção de ácido lático e gases e retenção de líquidos.

Acredita-se que até 75% da população mundial tenha algum grau de intolerância à lactose.

 

Intolerância à Lactose é o mesmo que alergia ao leite?

Não. Alergia ao leite é uma condição totalmente diferente, onde há uma reação imunológica ao leite e que pode causar desde apenas uma urticária ou pele áspera, até casos graves com bronquite e dificuldades respiratórias.

 

Quais os tipos de intolerância à lactose?

  • Congênita – podemos nascer com a capacidade de produzir a lactase reduzida ou até ausente, mas isso é uma condição bem rara e hereditária (herança autossômica recessiva);
  • Primária – quando perdemos a capacidade com o passar dos anos de produzir a lactase e isso começa a acontecer a partir da segunda década de vida e tende a aumentar progressivamente com o passar dos anos;
  • Secundária – quando a deficiência de lactase acontece por algum outro problema ou doença como na doença de Crohn, nas cirurgias com grandes ressecções intestinais, na doença Celíaca e nos quadros de alergias por exemplos.

 

Quais são os sintomas?

O mais comum são os paciente se queixarem de distensão abdominal, inchaço, gases, cólicas abdominais, diarréia e, às vezes, constipação. Menos comumente pode haver náuseas e vômitos. Os sintomas como você pode ver são inespecíficos, ou seja, são sintomas comuns a várias outras situações e é importante lembrar que a intensidade dos mesmos vai variar na dependência da quantidade de lactase que o paciente é capaz de produzir e da sensibilidade de cada paciente às alterações que acontecem com a chegada da lactose intacta no intestino grosso.

 

Como é feito o diagnóstico?

O exame mais comumente solicitado é feito com a ingestão de grande quantidade de lactose e depois de um tempo faz-se a dosagem de glicose no sangue do paciente. O resultado é positivo quando não temos um aumento significativo da glicose no sangue depois de ingerir a lactose.

Existem mais dois outros métodos, um deles se faz medindo a quantidade de hidrogênio expirado pelo paciente após ter ingerido altas doses de lactose e o outro se faz medindo a acidez das fezes. Nestes casos o exame é positivo quando há aumento dos níveis de hidrogênio expirado e um aumento importante da acidez das fezes, por causa da formação do ácido lático.

 

Existe tratamento para a intolerância à lactose?

Não. Essa condição não se trata verdadeiramente de uma doença e o que fazemos é apenas orientar uma dieta pobre em lactose e fazer a reposição da lactase no leite ou em cápsulas ou tabletes quando o paciente vai fazer uso de leite e derivados.

Os pacientes inicialmente são orientados a se privar de leite e derivados para que ocorra o alívio dos sintomas e depois disso fazemos a reintrodução gradual destes alimentos até que o paciente volte a desenvolvê-los. Isso e importante para se avaliar a tolerância do paciente a esses alimentos, porque a idéia é que o paciente continue a fazer uma dieta com lactose, mas que não lhe cause sintomas. Acredita-se que se tirarmos a lactose completamente da dieta, a tendência será a diminuição da produção de lactase e a piora do quadro clínico quando houver exposição a estes alimentos.

Como o leite e os derivados são uma importante fonte de cálcio na nossa dieta, esse é outro motivo pelo qual tentamos não nos privar totalmente desses alimentos. A reposição de cálcio pode ser necessária e pode ser feita através de suplementos, mas idealmente deve-se tentar uma dieta com alimentos ricos em cálcio, como brócolis, espinafre, couve, gergelim, linhaça, sardinha, grão de bico e tofu, entre vários outros.

Também é importante atenção aos níveis de vitamina D porque ela é necessária à absorção de cálcio pelo organismo e comumente usamos probióticos para ajudar no alívio dos sintomas.