Dr. Paulo Pittelli - Cirurgião do Aparelho Digestivo

Doenças e Tratamentos

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Intolerância ao Glúten

Intolerância ao Glúten é chamada de Doença Celíaca!

A doença celíaca se caracteriza pela inflamação na camada interna do intestino (mucosa) desencadeada pelo contato com o glúten, uma proteína presente no trigo, na cevada e no centeio.

Os pacientes devem ter uma predisposição genética para que isso aconteça, sendo muito comum que várias pessoas da mesma família tenham esta condição. Alguns pacientes apresentarão sintomas que os incomodarão bastante e outros nem perceberão que sofrem desta patologia.

Acomete de 1% a 2% da população mundial e o diagnóstico pode acontecer em crianças, em adultos e até em idosos.

O intestino delgado é recoberto internamente por milhões de vilosidades, minúsculas projeções em formas de dedos de luva que aumentam muito a superfície de absorção intestinal, veja:

O processo inflamatório da mucosa intestinal é causado pelas nossas próprias células de defesa, que na presença do glúten começam a agredir as células de revestimento do nosso intestino delgado, causando um processo inflamatório crônico, que acaba provocando, na sua evolução, o achatamento das vilosidades.

Sintomas

Os sintomas variam muito em intensidade e podem ser comuns a muitas doenças, o que pode retardar o diagnóstico em muitos pacientes. Podem ocorrer dores abdominais em cólicas, diarreia ou constipação intestinal, vômitos, distensão abdominal (inchaço), flatulência, fezes bastante fétidas e que boiam no vaso sanitário, anemia, fadiga, perda de peso, osteoporose, carência de certas vitaminas, intolerância à lactose, perda da capacidade de concentração, desenvolvimento inadequado (atraso do crescimento) em crianças e adolescentes, alterações do humor, aftas de repetição e lesões de pele, testes de função hepática alterados, infertilidade e abortos de repetição.

 

Diagnóstico

O diagnóstico pode ser feito através de exames de sangue com pesquisa de anticorpos Antiendomísio e Antitransglutaminase ou através de uma biópsia da mucosa do intestino delgado durante uma endoscopia digestiva.

Quando os testes de sangue são negativos não podemos excluir a presença da doença sendo indicada a biópsia quando a suspeita é forte de doença celíaca.

 

Tratamento

Não existe tratamento específico para a doença celíaca, restando apenas a dieta sem glúten como tratamento para esta enfermidade. Como o glúten é o que desencadeia o processo inflamatório envolvendo nossas células de defesa numa agressão contra o nosso intestino, a simples remoção desta proteína é capaz de parar a inflamação e devolver a condição normal das vilosidades intestinais. Medicamentos não encontram lugar habitualmente no tratamento da doença celíaca, mas em casos especialíssimos, os corticóides e imunossupressores podem ser usados.

 

Fique atento!

Existe uma lei federal que obriga as empresas que produzem alimentos industrializados a colocar nos rótulos de seus produtos se contém ou não contém glúten.

A aveia normalmente não é indicada para quem tem doença celíaca, porque é muito comum que na aveia exista a contaminação cruzada com outros cereais durante a coleta, armazenagem e distribuição, mas há algumas empresas que garantem a pureza da aveia.

Intolerância ao glúten é diferente de sensibilidade ao glúten (alergia). Os pacientes com sensibilidade ao glúten têm alguns sintomas semelhantes aos da doença celíaca e eles são desencadeados pelo consumo de glúten, mas não apresentam a inflamação e achatamento das vilosidades do intestino, o que os diferencia da doença celíaca.

Outra confusão comum é que pacientes que têm a doença celíaca, quando estão com o processo inflamatório ativo no intestino, podem ter dificuldade de digerir a lactose, apresentando consequentemente uma intolerância ao leite e aos seus derivados. Essa condição melhora com a suspensão da exposição ao glúten, permitindo que os pacientes voltem a poder fazer uso de leite e derivados normalmente, o que não acontece na Intolerância à Lactose.

Outros diagnósticos diferenciais são: esprú tropical, giardíase e pacientes que foram expostos à radioterapia.